Mais uma falha no relato, sim eu sei... Mas a desculpa é a mesma, a internet não tá tão fácil quanto eu pensava que estaria. Na Argentina havia mais cybercafés e internet de graça do que aqui... Proceis vê!
Bom, recapitulação completa dessa vez (ou quase, posso ter esquecido de algo):
Depois que voltamos de Amsterdam pra Rotterdam (chegamos às 17, mais ou menos), deitamos pra cochilar e falecemos na cama até umas 23h. Fomos dar uma volta e procurar algo pra comer, mas tava difícil. Voltamos pro quarto pra acordar cedo e aproveitar o último dia na Holanda. Encontramos com o Demétrio bem cedo (coitado, hehehe) e fomos ver dois lugares interessantes (pra nós, pelo menos) da cidade, umas casas modulares em forma de cubo que em vez de cubos chapados no chão são suspensos em pilastras apoiados nos vértices (deu pra ter uma idéia?); o outro lugar se chama Euromast, é bem turístico, mas muito interessante, é um elevador que vai até 180 metros de altura e dá uma visão panorâmica de 360 graus da cidade (ele fica girando). Muito animal, tiramos fotos e filmamos, já já colocamos online! Não se desesperem!
Conseguimos ver os dois pontos turísticos interessantes de Rotterdam e era hora de voltar. Voamos (quase literalmente) pra pegar nossas malas que estavam seguramente guardadas na casa do Demétrio (valeu cara!) e voltar pra perto da estação central, onde o ônibus havia deixado a gente quando chegamos, pra pegar o ônibus de volta. O horário marcado era 14:45, chegamos lá às 14:50 e vimos o ônibus virar a esquina pra nos pegar! Foi tenso, achamos que não íamos chegar, mas foi em ciminha da hora! Se tentássemos cronometrar, provavelmente teríamos perdido o ônibus... Mas chegamos sãos e salvos a Bruxelas.
Mais cedo havíamos ligado pro Hans, ex-namorado da Sofia, mãe da Lígia, e ele foi muito legal de se oferecer pra ir nos buscar e já havia oferecido sua casa pra gente ficar e humildemente (relutantemente até, eu diria) aceitamos. Chegando na estação (Gare du Nord), ligamos pro Hans e ele preferiu nos pegar na Gare Central, que era bem pertinho, mas claro que conseguimos complicar o caminho pegando um bonde e um metrô. Bom, estávamos carregando malas e tudo mais e era um caminho conhecido, já era tarde, aprender um caminho novo estava fora de questão, né... Enfim, fomos pra estação central, mas demorou umas oito horas pra conseguimos achar um telefone e ligar pro Hans novamente. Enquanto isso eu até tive que dar informação pra dois caras que queriam saber onde era uma plataforma de embarque, pois a estação estava em reformas, numa bagunça completa. Entendi umas três palavras do francês do cara, que era bem claro (ele falou devagar), decodifiquei a mensagem e imediatamente murmurei algumas palavras que traduzem-se para "Acho que é pra lá, mas não tenho certeza", que foi algo como "La ???? trois? Je pense que c'est là-bas, mais je ne sais pas..." Me senti muito bem, hehehehe... Foi bem legal me comunicar francofonicamente, hehehe.
Bom, achamos o Hans, foi bem legal revê-lo depois de tanto tempo e saindo da estação fomos tomar umas cervejas num pub onde só se falava inglês e no qual havia 5 ou 6 televisões, cada uma com um esporte passando, uma doideira, mas bem interessante. Conversamos um pouco e fomos jantar num restaurante de comida chinesa. Engraçado que todos os orientais aqui têm o mesmo tipo de comida... Chinês, vietnamita, é tudo praticamente igual... mas a comida é muito boa, com muitos legumes, bem "saudável", então temos freqüentado bastante esses restaurantes. Enfim, o mais interessante do restaurante foi que experimentei uma cerveja chinesa! Chama-se TsingTao e é bem gostosa. Mais uma na lista das cervejas experimentadas aqui que, aliás, quero colocar aqui no blog e atualizar freqüentemente, só pra passarem um pouco de inveja, hehehe.
Depois de comer fomos pra casa do Hans dormir. Ele preferiu que a gente ficasse no quarto dele, que é no subsolo, e foi dormir na sala. Foi um arranjo muito generoso da parte dele e estamos muito gratos. Chegou em boa hora, claro, pois já estávamos cansados de ter que cuidar sempre das nossas coisas, colocar cadeado em tudo, tomar banho em lugares meio nojentos, enfim, dormir em albergue, hehehehe. Fomos dormir exaustos e tranqüilíssimos, foi muito bom!
Dia seguinte era dia de aula e lá fomos nós, meio ainda sem saber o que fazer, procurando a sala (conseguimos localizar bem mais facilmente a Alliance Française dessa vez), etc. Cruzamos com um cara meio estranho no elevador e ele acabou indo pro mesmo andar que a gente, depois descobrimos que ele tá na sala da Lígia e é gente finíssima! É um mexicano que namora uma francesa e tá morando aqui por enquanto. Se chama Raul, dá aula de música e teatro e fala que só ele. O bicho é desengonçado e dramático como só um professor de teatro consegue ser... hehehe. Ele adora tudo do Brasil, feijoada, caipirinha, futebol, Pelé, a copa que o Brasil ganhou no México, se é do Brasil o cara adora, muito engraçado.
Bom, mas voltando, o primeiro dia de aula foi aquela coisa estranha, um olhando meio sem graça pro outro, alguns já se conheciam pois já haviam estudado juntos no mesmo nível, há pouquíssimos brasileiros por aqui, o que encaramos como positivo, assim fica mais difícil de falar português. Não me senti muito seguro na primeira aula, mas a segurança vai aumentando quanto mais o tempo passa e mais a gente absorve conhecimento de gramática, vocabulário, etc.
Minha professora é uma francesa magrelinha de cabelo raspado meio invocada, mas bem engraçada. Se recusa a falar inglês com qualquer aluno, só fala francês o tempo inteiro, o que eu achei ótimo. A da Lígia parece uma freira, muito conservadora, mas é bem legal também.
Voltamos pra casa do Hans e fomos fazer umas comprinhas pra comer algo no café da manhã. É incrível a tamanha variedade de qualquer coisa que existe aqui. E não dá pra dizer que é porque Bruxelas é uma cidade grande, porque não é. Deve ser do tamanho de Ribeirão Preto, tudo fecha às 18 e praticamente nada abre de fim de semana (aliás, é regra em todos os lugares que vimos). Mas cereal, por exemplo, tem: integral, integral de milho, de arroz, com chocolate, chocolate branco, com chocolate 70% cacau, com frutas vermelhas, etc... Deu pra sacar né... A seção de cerveja é uma perdição. Tem até uma tal de Jupiler, pelo visto é a mais baratinha daqui, que eles vendem em garrafas de plástico, como se fossem aqueles vinhos baratos (chapinha, sangue de boi, etc...) É uma coisa besta pra eles, mas me impressiona bastante. Além disso, a maioria dos vegetais também é de altíssima qualidade. A gente não acha tanta tranqueira quanto temos aí, por exemplo. Mamão amassado junto com mamão bom é raríssimo aqui, é tudo bonitinho e muito bem embalado... Parece babação de terceiromundista, mas é mais uma constatação de fato. Nós damos muito pouco valor pro que temos, pra variedade e abundância de comida que há por aí e que estraga e joga-se fora por pura falta de cuidado.
Esse tipo de perspectiva é difícil de se ter quando por mais que se ande ainda não se saiu do país. Aqui, em menos de uma semana eu já tinha conhecido 4 cidades de 3 países diferentes (quando constatei o fato estávamos eu, a Lígia e o Demétrio, que imediatamente me chamou de "abusado", hehehe... foi muito engraçado), o que te dá uma ótima noção de como as coisas são fora daquele mundinho familiar. Claro que eu generalizo um pouco a partir do pouco que vejo por aqui, mas enfim...
Voltando das compras ficamos fazendo a lição de casa (oui!) quando o Hans chegou do jogo de futebol. Ele havia me chamado, mas tínhamos muita coisa pra fazer e não dava pra adiar, principalmente porque ainda não sabíamos se a resposta do apartamento havia sido positiva, se haviam conseguido cobrar a reserva, etc... E não é que o cara chegou mó empolgado? hehehe. Começou a me mostrar alguns CDs que ele tem, perguntando se eu tenho ou não, mostrando várias músicas. Foi uma aula! Muito legal, o Hans tem muita música boa guardada, coisa que eu nem sabia que existia, inclusive uma banda holandesa muito boa (eles cantam em inglês, infelizmente). Copiei várias coisas e mostrei pra ele depois o Funk como le gusta. Le gustó, acho... Depois gravo um CD pra ele.
Vou pular algumas partes que não são de extrema importância, as aulas continuam bem e eu quero chegar logo na parte onde entramos no apartamento novo!! Então não se afobem que eu também não me afobarei...
Acho que foi na terça, saímos com o Raul depois da aula (ele ficou de vela, até explicamos isso pra ele). Ele conhece um pub muito escondido, perto da Grand Place, uma praça central daqui, onde fica a prefeitura e outros vários prédios interessantes. O pub fica nos fundos de uma casa, se estivéssemos sozinhos, provavelmente não teríamos nos aventurado... Mas o lugar é muito legal, tem uma arquibancada retrátil no meio do bar. Oposto à arquibancada fica um palquinho onde fazem apresentações de marionetes. Não tinha nenhuma quando fomos, mas provamos mais duas cervejas diferentes e bem divertidas, por assim dizer. A da Lígia chamava-se Kwak e há uma razão muito boa pra isso. Ela era servida num copo com formato de "vaso de flor moderno": redondo embaixo, vai afinando até abrir de novo em cima, mais ou menos assim: ) (. Quando você bebe a cerveja e ela passa por essa parte estreita do copo, há um barulho que parece bastante com o quac-quac dos patos, daí o nome... hehehe. Estranhíssimo, mas muito engraçado. Acho que quando se vive num lugar onde há 500 tipos de cerveja diferentes, fica complicado inventar um nome original... Bom, a minha se chamava "Mort Subite", significa isso mesmo que parece, morte súbita. Não encontrei nenhuma razão pra isso, nem desmaiei depois de tomar a dita. Mas ela é meio esquisita, é uma cerveja com fruta junto, não lembro se era cereja, tem um gosto de chopp de vinho misturado com cerveja, sei lá... É interessante, mas acho que não tomaria de novo.
Bom, além das cervejas havia um papo muito cômico rolando na mesa. Estávamos eu, a Lígia e o mexicano Raul. A língua de escolha no início era o francês, mas como eu não sabia muito, apesar de conseguir entender quase tudo, comecei a falar em espanhol pra não ficar só ouvindo. Depois de um tempo começamos a falar sobre o português, enfiar umas palavras de inglês e no auge da conversa usávamos quatro línguas diferentes, trocando o tempo todo e quase como se fosse natural falar desse jeito. A Lígia começava uma frase em francês, terminava em espanhol, eu falava mais um pouco em espanhol, depois inglês, o Raul respondia em francês e pedia pra gente falar como se dizia sei lá o que em português pra ele aprender umas palavras... Foi sen-sa-cio-nal! Falamos de política, futebol, lingüística, tudo misturando sempre todas as línguas, putz... só estando lá pra ver a mixórdia que foi. E não nos desentendemos uma só vez, o que é mais animal! Realmente acertei ao escolher mexer com línguas. É uma sensação fora do normal você saber que consegue se comunicar com diferentes povos da mesma forma, entender os costumes, as palavras, as nuances da língua... muito bom!
Com isso acabo esse pequeno ensaio, hehehe... Já estou cansado e depois conto como foi a mudança pro nosso belga apartamento por dois meses! Ele é lindo, estamos adorando!!
Beijos a todos!
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